Vsevolod Meyerhold nasceu em Penza, Rússia, em 1874. Morador de Moscou, cursou Direito até 1896 quando deixou a escola e se dedicou as aulas no Instituto Dramático-Musical da Filarmônica de Moscou, dirigida por Vladimir Nemirovich-Danchenko. Em 1898 foi convidado a se juntar a trupe do recém-fundado Teatro de Arte de Moscou, de Stanislavski. Templo do naturalismo e do realismo psicológico, o Teatro de Arte foi a grande escola de Meyerhold, que em 1902 decide fundar uma nova trupe na província de Kherson, Rússia, a Sociedade do Drama Novo (The New Drama Touring Company).
Em 1905 dirige por um ano o Estúdio de Teatro, um anexo do Teatro de Arte de Moscou (TAM) e, em 1906, assume a direção do teatro de São Petersburgo. Lá, ele encena A Pequena Barraca de Alexander Blok, entre outras produções, e assume, em 1908, o Teatro Imperial na mesma cidade, onde permanece durante toda a década seguinte, encenando peças e óperas.
Com a Revolução Russa de 1917, Meyerhold rapidamente se junta ao Partido Comunista e nos primeiros anos do regime, encena várias produções notáveis, incluindo a primeira produção de Mistério Bufo de Mayakovsky (1918) e as produções construtivistas O Cornudo Magnífico, de Fernand Crommelynk e A Morte de Tarelkin, de Alexander Sukhovo-Kobylin.
Em 1923, com a sua própria trupe, Meyerhold encenou produções inovadoras de clássicos e novos trabalhos. Dentre as mais conhecidas estão The Mandate de Nikolai Erdman (1925), Almas Mortas de Nikolai Gogol (1926), e O Percevejo de Vladimir Mayakovsky (1929).
Com a montagem de O Inspetor Geral, em 1926, Meyerhold irá atingir o auge e também prenunciar o fim de sua brilhante carreira. Arduamente criticado, Meyerhold foi preso em 1939, pelo Congresso Geral dos Diretores Teatrais por ter se negado a participar de uma manifestação pública de submissão e retratação artística, sendo assassinado a tiros na prisão pelas tropas do regime de Stalin, em fevereiro de 1940, aos 66 anos.
Meyerhold criou o teatro de linha reta, no qual o ator, juntamente com o autor, o diretor e o público são criadores absolutos do fenômeno teatral. Defensor da teatralidade e da estilização, se propôs uma dialética de opostos: a farsa contra a tragédia e a forma contra o conteúdo, de modo a forçar o espectador a encontrar uma visão mais apurada da realidade.
O ápice das pesquisas ensejadas por Vsevolod Meyerhold foi a teoria que denominou de biomecânica que, de maneira genérica, transforma o corpo do ator em uma ferramenta, e faz uso de movimentos amplos, exagerados e tensos em suas atuações. A capacidade comunicativa dos gestos e expressões (a linguagem corporal), dentro da biomecânica, reprimiu a linguagem oral e defende que o corpo do ator deve ser entendido como mais um objeto de cena, portanto, sua disposição em relação ao cenário tem importante papel como elemento de comunicação visual. Sendo assim, outros elementos típicos do teatro, como a iluminação, cenário e figurinos estilizados e antinaturalistas, também são essenciais para o perfeito funcionamento da biomecânica.
A partir de pesquisas com a commedia dell’arte, as improvisações, a pantomima, o grotesco e o simbolismo cênico, desenvolveu uma disposição frontal das personagens com pesquisas voltadas à dicção do ator e com a substituição da cenografia complexa do naturalismo pela iluminação como síntese.
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